O VALOR DOS HONORÁRIOS: O CONTO DO PARAFUSO
por Arthur Zeger
Hoje escrevo sobre um assunto que impacta no dia a dia de qualquer profissional liberal: o valor de seus honorários!!
A partir do “conto do parafuso” faço um convite à reflexão sobre o trabalho dos profissionais liberais e sobre a valorização de sua formação, aperfeiçoamento, dedicação, capacitação, experiência e comprometimento.
Pois é. Não é incomum ouvir críticas ao valor cobrado por profissionais liberais. Quantas pessoas não reclamam pagar caro por uma “curta consulta médica” ou para a elaboração de uma “simples planta” por um arquiteto, ou para um “copy and paste” de um advogado?
Por mais fácil que possa parecer um ofício (ou a repetição de um trabalho já realizado), cada caso é um caso e devemos saber, em nossos respectivos ofícios, identificar as mínimas diferenças em cada tarefa para realizá-la a contento.
Fiz essa introdução para apresentar-lhes a estória do parafuso:
Algumas vezes é um erro julgar o valor de uma atividade simplesmente pelo tempo que se demora em realizá-la. Um bom exemplo é o caso do especialista que foi chamado para consertar um computador muito grande e extremamente complexo. Um computador que custava 12 milhões de dólares!
Sentado na frente do monitor o especialista chamado apertou algumas teclas, balançou a cabeça, murmurou algo para si mesmo e desligou o equipamento. Tirou uma pequena chave de fenda do bolso e deu uma volta e meia em um minúsculo parafuso. Ligou o computador e verificou que este funcionava perfeitamente.
O presidente da empresa se mostrou surpreso e satisfeito. E se ofereceu para pagar o serviço à vista:
– Quanto lhe devo? – perguntou o presidente.
– Mil dólares respondeu o especialista.
– Mil dólares? Mil dólares por alguns minutos de trabalho? Mil dólares só para apertar um simples parafuso? Eu sei que meu computador vale 12 milhões de dólares, mas mil dólares é muito dinheiro. Pagarei somente se você me mandar uma fatura detalhada com uma justificativa desse valor.
O especialista confirmou com a cabeça e foi embora. Na manhã seguinte o presidente recebeu a fatura, leu com cuidado, balançou a cabeça e pagou imediatamente. A fatura dizia:
Apertar um parafuso: 1 dólar
Saber qual parafuso apertar: 999 dólares
Moral dessa história: ganha-se pelo que se sabe e não somente pelo que se faz.
Agora pensemos: quanto tempo dedicamos à faculdade? Quanto investimos na nossa formação e capacitação? Quantos anos destinamos a pós-graduações, mestrados, doutorados? Quantas horas de leitura e prática sacrificamos diariamente para conseguirmos desempenhar com excelência o nosso ofício?
Pergunto: é correto questionar uma consulta médica pelo tempo que ela demora? É correto criticar os honorários do arquiteto pelo simples “rabisco da planta”? É correto reclamar do preço de uma “obturaçãozinha” pelo seu tamanho ou tempo para ser concluída? É correto questionar os honorários de um advogado porque ele já tem um “modelo” daquilo que será necessário para resolver certa situação?
O mundo está imediatista e muitos profissionais admitem ter seus preços julgados por clientes que sequer reconhecem ou valorizam o tempo, esforço e a serventia do trabalho oferecido pelo profissional.
Acredito na minha profissão, no meu trabalho, na minha dedicação, no tempo que dediquei e continuo dedicando aos estudos. Luto pela valorização da minha profissão e de todos aqueles que se dedicam diariamente a aperfeiçoar seus misteres e construir uma boa reputação, um bom nome e que enfrentam o desafio diário de verem seus honorários reconhecidos e seu esforço e competência valorizados.
Professor,
Perfeito!
“Saber qual parafuso apertar…” esse é o argumento que faltava – assertivo e verdadeiro, em assuntos desse tipo.
“Mas é só fazer uma petiçãozinha…”… Ai, meus sais!…
Abs.
Carlos Martins
É isso aí, Carlos. Obrigado pelo recado por aqui! Forte abraço.
Grande Professor e Educador do Direito.
Obrigado por valorizar a nossa Profissão.
De seu Aluno Fernando
Fernando, obrigado pela visita e pelo recado!!
O que é muito estranho (no mínimo) nessa profissão é que o mesmo saber “vale” de acordo com o valor da causa.
Vocês parecem um Estado que cobra impostos em função do valor do bem ou do salário do cliente.
Vocês não cobram apenas pelo tamanho do saber envolvido.
Exemplo clássico. Peguemos dois espólios exatamente iguais em termos de bens e herdeiros. Uma casa e um carro. Um filho. No primeiro caso a casa vale 100 mil reiais e o carro vale 20 mil. No segundo caso, a casa vale um milhão e o carro 80 mil reais. O saber é o mesmo para encaminhar o inventário. Mas o valor de honorários é proporcional ao valor total dos bens. Pode, Arnaldo? É de rir e de chorar nos nossos bolsos. Você faz o mesmo documento para os dois casos, só muda a descrição das pessoas, dos bens e dos valores deles. Mas o valor do “saber” é diferente, tanto maior quanto for o valor dos bens. Isso “pode porque está na tabela da OAB”? Ah, façam-me rir, isso é desculpa ingênua.
Vocês advogados não achariam sem fundamento se um odontólogo cobrasse de um advogado que fatura 100 mil reais por mês de honorários o valor de uma obturação proporcional? E daquele advogado que fatura 10 mil mensais um valor muito menor? O valor de um serviço de obturação depende de quanto ganha o cliente? Todo mundo percebe que isso não existe, mas a tabelinha da OAB obriga cobrar proporcionais sobre o valor da causa e a Justiça acha que é normal e pode. Ora, isso é uma vergonha.
Vocês não se tocam que no frigir dos ovos é inconstitucional cobrar um serviço proporcionalmente aos bens da causa (ou valor da causa) do cliente? A tabela da OAB não pode funcionar como um Estado dentro de outro.
O serviço deve ser cobrado em função do conhecimento, do saber, da complexidade do caso, sim, e deve haver livre concorrência entre os senhores assim como há em qualquer profissão. Quem é bom deveria se merecer cobrar mais, mas pelo saber, não pelo valor da causa.
Mas os senhores não fazem isso, os senhores têm uma tabela e um corporativismo de classe que se autoblinda para cobrar absurdos dos cidadãos, mais que o mero saber.
Caro Alberto,
Apesar de seu pseudo-anonimato (já que omite seu e-mail mas me permite visualiza que postou esta mensagem em 10/06/2017 às 13h29 diretamente do endereço IP 187.181.168.47), saiba que sua manifestação não tem nem pé, nem cabeça.
O escalonamento dos honorários, em inventários ou causas relevantes, em razão do vulto econômico da causa leva em consideração exatamente o risco que o advogado assume ao tratar de causas que, apesar de aparentarem ser idênticas, importam em diferente responsabilidade ao advogado (na medida em que em cada causa o advogado ficará responsável e exposto por eventual consequência negativa que de seu trabalho decorra, respondendo de acordo com o prejuízo que vier a causar e, maior a causa, maior o prejuízo).
Veja que o Estado cobra mais IPTU do imóvel mais caro, maior IPVA do automóvel mais caro; o tabelião cobra mais caro do inventário extrajudicial de maior valor envolvido e o registrador cobra maior custo de registro para o imóvel de maior valor. O IRPF é mais caro para quem recebe mais e mais barato (ou isento) para quem pouco recebe. O restaurante por KG cobra mais de quem leva um prato mais pesado e menos de quem elabora um prato mais leve, apesar de estar alimentando a ambos (e apesar de um deles comer mais por conta de um distúrbio de saúde e etc.).
Um protético cobra mais caro se a dimensão do trabalho é maior, apesar de similar a outra situação aparentemente similar.
Francamente, o seu comentário sequer mereceria o meu tempo. Mas tão absurdas são as suas ponderações que me senti no dever de responder para não parecer concordar com as asneiras que colocou.
Ademais, vivemos uma época capitalista e liberalista de forma que as pessoas são livres para escolherem a quem contratar, se quiserem. Da mesma forma, os prestadores de serviços são livres para cobrarem o preço que lhes convier, ficando a cargo do tomador de serviços aceitar ou não o preço (ou seja, contratar ou não). O mercado está cheio de profissionais e é natural que os bons sejam mais caros do que os não tão bons.
Lamento profundamente pela sua distorcida leitura e, se acha que advogado realmente cobra fortunas, recomendo prestar um bom vestibular, estudar arduamente por 5 anos, acumular experiência (pois sentar a bunda em bancos de faculdade não garante experiência e conhecimento por osmose), se submeter a prova da OAB que reprova mais de 90% dos candidatos que a prestam e, então, passar a receber os honorários que você parece tanto invejar.
Saudações.